Algumas Verdades Secretas Do Emagrecimento

Recapitulando o assunto do post anterior, a obesidade é uma doença multifatorial que contribui para a instalação de outras doenças e deve ser tratada o quanto antes.
O sobrepeso, caracterizado por IMC entre 25 e 29,9 kg/m² e alto percentual de gordura, também precisa ser tratado, pois, de igual forma, traz consequências à saúde.
Para ambos, o tratamento óbvio é o emagrecimento. Mas não o emagrecimento feito sem qualquer noção ou cuidado, como se vê por aí. E sim, o emagrecimento baseado no entendimento mínimo do funcionamento do corpo. E mais importante, o emagrecimento direcionado por profissionais qualificados.
Então, para que você não caia no conto das pílulas, dietas, chás e shakes “emagrecedores”, cintas e cremes “queimadores de gordura”, tentarei explicar da maneira mais prática possível como as coisas funcionam de verdade.
O emagrecimento é definido pela relação entre a baixa ingestão calórica e aumento do gasto de energia (pelo metabolismo e pela atividade física). Acontece que, do ponto de vista biológico e evolutivo, o corpo nunca quer perder peso. Por isso, ele ativa defesas contra este processo, considerado agressivo.
Um estudo publicado em 2013 pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino em Fisiologia do Exercício, descreveu 3 fases principais do emagrecimento:
1ª) Fase de CHOQUE, em que qualquer dieta, por mais insana que seja, resulta em perda fácil e rápida de peso.
Não caia em armadilhas!
Se não for direcionado por um profissional, esse emagrecimento é falso, pois se perde água, músculos e pouca gordura. Surgem flacidez, aparência de doença, e logo, recupera-se o peso perdido em forma de gordura.
Nesta fase, para se defender, é natural que o corpo reduza a produção dos hormônios tireoidianos, principalmente de T3, tornando o metabolismo preguiçoso.
A solução nutricional é manter estes hormônios ativos. Além disso, é necessário atentar-se às toxinas que a tireoide absorve facilmente como: bisfenol de recipientes plásticos; alumínio de desodorantes e panelas; parabeno de xampus e cosméticos; benzoato de sódio, ácido palmítico, xarope de glicose e glutamato monossódico de ultraprocessados; corante de gelatinas e bebidas em pó; dioxina (agrotóxico); ciclamato, aspartame, acessulfame e sucralose de adoçantes.
2ª) Fase de ADAPTAÇÃO, em que os sistemas fisiológicos assumem o controle para equilibrar o organismo. Ocorre redução do hormônio leptina, aumento da substância NPY e do hormônio cortisol. Como consequência, sente-se ainda mais fome e irritabilidade.
Veja que o instinto do corpo é não perder mais gordura e ainda recuperar o peso perdido, assim que houver uma escapada da dieta. É nesta fase, quando o emagrecimento mantém-se baixo, constante e lento, que muita gente desiste.
As soluções são: compreender e aceitar a fase do emagrecimento em que está; manter a motivação, a paciência, a atividade física constante, a alimentação “limpa”, a hidratação, o sono de qualidade, a microbiota intestinal saudável; modular os hormônios de fome/saciedade; evitar dietas muito rígidas e impossíveis de serem seguidas por muito tempo.
Os alimentos que ajudam são: abacate, chocolate amargo (acima de 70% de cacau), maracujá, grão de bico, canela, vinagre de maçã e fibras, por exemplo, biomassa ou farinha de banana verde, Psyllium, aveia.
3ª) Fase de RESISTÊNCIA, em que a ingestão de calorias e o gasto de energia pelo corpo já estão igualados e o peso estaciona, mesmo com dieta e exercícios em dia.
A solução para esta fase, do ponto de vista nutricional, é mudar a estratégia dietética para aumentar o número de mitocôndrias nos tecidos adiposos marrom e bege (tecidos mais ativos), impulsionando o metabolismo novamente.
Existem inúmeras estratégias como as dietas low carb, cetogênica, mediterrânea, “detox”, Dash ou jejum intermitente. Cada caso é único e precisa de uma estratégia diferente, muito bem planejada por nutricionista qualificado. Além disso, é necessário fazer a reposição dos micronutrientes perdidos (vitaminas e minerais).
O que ajuda a criar e estimular mitocôndrias são atividade física, exposição ao frio, ômega 3 (mas não é qualquer um), resveratrol da uva, quercetina da maçã, gengibre, pimentas, alimentos vermelhos e roxos, 1 xícara de café sem açúcar/adoçante por dia.
Não há como anular as respostas fisiológicas contra o emagrecimento, afinal, cérebro e corpo têm pavor de gastar energia. Basta observar como descer é mais fácil que subir, dormir é mais fácil que acordar, desembrulhar é mais fácil que descascar e/ou cozinhar, encostar ou sentar é mais fácil que caminhar, copiar é mais fácil que raciocinar.
Mas é perfeitamente possível minimizar estas respostas fisiológicas indesejáveis por meio da Nutrição. Desta forma, considera-se sucesso no tratamento de obesidade ou sobrepeso, a capacidade de atingir um peso saudável e mantê-lo, o que é bastante difícil.
Já o sucesso a longo prazo é determinado pela constante vigilância, que inclui manter hábitos saudáveis e acompanhamento profissional periódico.