Muitas são as virtudes que tornam uma pessoa admirável e dentre as mais variadas qualidades, uma das que mais se destaca é a coragem. Essa admiração se dá pelo fato de que uma pessoa corajosa, apesar de ter medo, ela, ainda assim, faz o que lhe é proposto no coração.
Em contrapartida, raramente uma pessoa que é insegura e temerosa transmite uma boa primeira impressão, pois o medo, em muitas ocasiões, é tido como uma característica negativa, um ponto negativo na personalidade de alguém.
Entretanto, você já parou para pensar que o medo é um dos limites que te ajudam a manter-se vivo? Nem sempre ser corajoso é sinônimo de ser vitorioso, às vezes, ser ‘medroso’ vale a pena.
Posto que, a cada dia que passa as situações ao nosso redor se tornam mais complexas e consequentemente as coisas fiquem mais difíceis de alcançar, torna-se necessário – mais do que nunca – ter coragem.
É necessário ter coragem para levantar e vencer mais um dia de trabalho, mais um ano de faculdade, mais um dia de faxina e tarefas domésticas também. Indo além, vê-se que para caminhar com Deus também requer uma porção extra de coragem, porque aqueles que caminham com Deus caminham na contramão do mundo, e isso quer dizer que, Satanás, sobreposto de uma unção de morte (Apocalipse 6:8), cavalga em direção àqueles que se identificam com a Palavra de Deus, enquanto o inferno o segue visando sepultar os abatidos por sua dimensão de morte.
Em meio ao caos deste Éden Satânico, para não sermos absorvidos/subtraídos por esta dimensão, Deus, sendo justo, desde o dia em que Sua Palavra veio a nós, nos exorta a esforçar nossa fé, tendo sempre coragem no Senhor, revestindo-nos de toda a armadura de Deus para alcançarmos vitórias sobre essa dimensão.
Desse modo, à medida que o tempo passa, viver uma vida cristã faculta experiências que, se forem captadas e experimentadas conforme a perfeita vontade de Deus, serão experiências de vitórias em nossas vidas.
Experiências, vamos meditar nisso agora?
O primeiro requisito para viver realmente uma vida cristã é a experiência com Deus, pois não existe a possibilidade de ser cristão (viver a vida de Cristo) sem que primeiro haja uma experiência com Ele e se tenha o Espírito Santo (a Vida do próprio Deus que habitou no Senhor Jesus Cristo, habitando em nós).
E ao longo da jornada, que podemos chamar de processo de Adoção, Deus, através de Sua Palavra, nos instrui e nos aplica testes, que, além de evidenciar o que está em nosso interior, são grandes oportunidades e experiências, que nos trazem gradativas vitórias, tanto na esfera natural como na esfera espiritual.
Com o passar do tempo, de alguma forma, o acúmulo dessas experiências de vitórias, de batalhas espirituais bem sucedidas, aumentam nossa convicção, nossa certeza de fé, e muito embora isso seja algo suscetível, algo que se espera na vida do cristão, para muitos, acaba sendo um grande problema devido à prepotência e vaidade.
Como algo tão magnífico, como ter experiências com Deus, pode ser pedra de tropeço, um empecilho, para que cristãos experientes não sejam aprovados ao final do processo de adoção?
Apesar de o Espírito Santo ser o motivo que nos leva a ter vitórias constantes, se, em algum momento do caminho, nós nos envaidecermos e nos enchermos de nós mesmos, acreditando que a causa da nossa vitória/sucesso na jornada somos nós e nossos próprios esforços, Ele, sendo uma Pomba extremamente sensível, alçará voo. Nos deixando sós com nossa prepotência, vaidade e ignorância.
E algo que leva as pessoas a serem sufocadas, que as afogam profundamente em seu ego, é o fato de que, ainda que a falta do Espírito Santo gere consequências, danos imediatos à alma, eles podem não ser aparentes em primeiro momento, diferentemente do que aconteceu com o rei Uzias, que, após envaidecer-se, ‘corajosamente’ transpôs um limite que Deus havia posto em Sua Palavra e imediatamente ficou leproso.
Em algum momento, todos nós vamos sentir medo e ter coragem, mas a questão é: medo de quê e coragem para fazer o quê?
Múltiplos são os homens na Bíblia que tiveram pequenos momentos/lapsos de instabilidade, e, até mesmo, sentiram medo.
- Elias, após ter sido grandemente inspirado e usado por Deus no Monte Carmelo, teve medo das ameaças de Jezabel e retirou-se para o deserto (I Reis 19: 3).
- Gideão, quando todos os midianitas, amalequitas e os filhos do oriente se juntaram e acamparam no vale de Jizreel, se sentiu inseguro a ponto de fazer prova de Deus duas vezes (Juízes 6).
- Pedro, num momento de grande tensão, sentiu medo de sua posição e negou o Senhor Jesus Cristo três vezes (Mateus 26:69 – 75).
Repare que, quando eles deixaram de olhar para Deus, que era Quem os havia chamado, e introjetaram o olhar para si, mesmo estando sujeitos à vontade de Deus, sentiram medo de situações que, comparadas às obras anteriores que Deus havia executado através de suas próprias vidas, eram simples.
Por outro lado, a Bíblia também nos mostra vários exemplos de homens tremendamente ‘corajosos’. Dentre os tais, Geazi, que foi ‘corajoso’ a ponto de multar/reverter o que o profeta Eliseu havia dito a Naamã (II Reis 5:22).
Como não citar também Coré, Datã e Abirão, que foram suficientemente ‘corajosos’ ao questionar o sacerdócio do profeta vindicado de Deus para aquele tempo, e, por conseguinte, conduziram suas famílias inteiras à perdição (Números 16)?
A Bíblia também cita Judas, que já nasceu predestinado a ter a ‘coragem’ necessária para vender o Senhor Jesus Cristo por trinta moedas de prata e buscava oportunidade para O entregar aos fariseus (São Mateus 26: 14-16).
Tomando os exemplos em questão e projetando-os na esfera espiritual, constatamos que há dois perfis de pessoas que se contrapõem, posto que ambas são envolvidas pelo mesmo ambiente, a saber, o ambiente religioso, o que as torna diferentes? O que fez de Elias um “medroso” bem-sucedido e o que fez de Geazi um “corajoso” mal sucedido? A diferença entre ambos é que, um deles, a vontade de Deus encorajava, enquanto o outro, a vontade de Deus o desencoraja, não era estimulante.
Existem pessoas que temem a Deus e reconhecem que Ele é Quem as capacita/encoraja, enquanto há outras que são prepotentes espirituais, incapazes de dimensionar o perigo que há em confiar em si.
Muitas pessoas não conseguem ir avante na profissão de fé, na carreira cristã, porque têm medo de receber o Batismo do Espírito Santo. Elas sabem que Ele requer um espaço limpo para entrar, e para isso tirará todos os gostos pessoais e concupiscências da carne, fazendo com que cada indivíduo perca o domínio de sua própria vida.
E, não sendo Ele um invasor, cada pessoa tem que fazer a escolha de deixá-Lo entrar ou não. Não é suficiente para Deus sermos experientes, precisamos perder o medo de abrir mão de nossas vidas e ter coragem de deixá-Lo inundar nossas almas.
O que significa coragem?
A palavra coragem é originária do latim e traduzida quer dizer “agir com o coração”. Isso, com a mesma intensidade que soa poético, lírico, pode se tornar assustador. Porque, aqui, apenas com o simples significado dessa palavra, usando nossa experiência espiritual a nosso favor, compreendemos a importância de clamar a Deus para alinhar o temor do Senhor ao nosso coração, como disse Davi no livro de Salmos.
Mas, a certeza de que tememos o Senhor nos traz a segurança, a coragem, a ousadia e a tranquilidade necessária para possuirmos cada promessa espiritual na Bíblia. Traz também a condição necessária para vencermos mais um dia de trabalho, um ano de faculdade, um dia de faxina… enquanto nos torna temerosos quando somos tentados a ferir o Senhor Jesus.
Se ter coragem é o mesmo que agir com o coração, tem que haver algo (o Espírito Santo) alinhado a este coração que o faça, o estimule, a agir conforme a vontade de Deus, ainda que este coração seja incapaz de compreendê-la no momento.
Observe que o Espírito Santo traz o equilíbrio entre o temor do Senhor e a coragem no Senhor. Em contrapartida, o inimigo traz o medo de perder o controle para o Espírito Santo, e a coragem de avançar sem Ele.
Observe que há dois tipos de coragem e respectivamente ambas são franqueadas por dois espíritos. Existe a coragem que te leva a não ouvir a razão, as equações mentais, e seguir a loucura da pregação de Cristo; e a coragem que te induz a transpor os limites impostos pela Palavra, sejam eles quase ‘imperceptíveis’ aos olhos humanos ou gigantescos.
Você é corajoso? Para qual dos caminhos sua coragem te conduz?
O autor propõe:
Para filtrar que tipo de espírito está te encorajando, pergunte-se: “Onde esse tipo de atitude, que estou sendo encorajado a assumir agora, me levará?”, “Ao final do meu encorajamento, o Espírito Santo ainda estará presente em mim? Deus ainda estará comigo?”
Devemos recorrer a essas questões em todos os momentos de nossas vidas, antes de tomarmos qualquer decisão, seja ela pequena ou grande.
Para andar com Deus é necessário ter coragem de abandonarmos nossa autossuficiência.
Temor é respeito, e respeito é uma forma de amar. Tenha medo de ferir a Deus, e, assim, tenha coragem n’Ele.