O Sono e a Saúde | Parte III – Hábitos dos três ‘s’ – Sono, sonho, saudável

Por que dormir? Não é muito incomum ouvir que ‘dormir é para os fracos’. E aqui eu já adianto que precisamos combater tal ideia. Dormir é parte de nosso relógio biológico, nossa rotina e qualidade de vida. Ou seja, de nossa existência.

Não dormir é como ficar o tempo todo secretando cortisol (hormônio que ajuda o organismo a controlar o estresse), promovendo uma cascata de efeitos da ocitocina (hormônio que auxilia na estabilização do humor, interação social e diminuição da ansiedade), uma resposta do organismo.

Assim, o organismo entende que estamos adoecendo. Ou seja, excesso da liberação da ocitocina para combater um agente externo ou interno (o organismo não faz a leitura do que ocorre, apenas sabe que há algo errado), e assim, empobrecimento da resposta imunológica do corpo e aumento de agitação do organismo.

O sono tem uma associação muito direta com processo de sonolência e de atenção. Quanto mais a pessoa dorme, mais atento a pessoa fica ao acordar. Quanto menos a pessoa dorme, mais sonolência a pessoa terá.

Então, já sabe (sabemos) qual é o resultado dessa somatória de privar o sono, não é?

O nosso sono é um evento do cérebro. Temos uma estrutura que regulamenta o processo e isso gera este ritmo de sono. Estas estruturas geram a propensão ao sono e à vigília.

Há uma sequência de efeitos de áreas agregadas, que estão relacionadas, para deflagrar o sono: algo tão complexo e natural… Para, com facilidades, alterarmos toda engenharia por detrás e deixar tudo desorganizado.

Nosso sono é um evento que faz uma mistura muito importante entre o cérebro, a conexão com a cognição e a cognição com o comportamento.

Este sono tem diferenças importantes ao longo do nosso desenvolvimento. O sono de um bebê é diferente de uma criança, que é diferente de um adolescente, que é diferente do sono do adulto, que é diferente do sono do idoso.

Estes padrões de sono também recebem influências muito marcadas da nossa cultura, da nossa sociedade e também influências cognitivas e comportamentais. Por conta de tudo isso, essa pauta é da Psicologia também, em conjunto com outras áreas do conhecimento.

Uma pessoa tendo uma boa noite de sono significa que ela funcionará bem ao longo do dia. Por exemplo, para termos uma boa resposta imunológica no dia seguinte precisamos dormir bem, pois as ocitocinas (responsável pela resposta imunológica) só são produzidas durante a noite de sono. E quando produzidas em excesso, por ausência do sono a noite, o organismo humano entende tal acontecimento como a existência de uma situação estressora (como vimos no início).

É oportuno clarear que existe diferença entre alteração do padrão do sono, de transtorno do sono: diferente do segundo aspecto, o qual estudamos longamente nestes três textos, o primeiro é algo muito transitório, que não vai impactar diretamente na qualidade de vida, no seu funcionamento durante o dia de forma crônica, como uma doença. Isso a gente chama de alteração do padrão do sono normal.

Um detalhe importante: há pessoas com características vespertinas – preferência biológica, do relógio biológico por horários de iniciar o sono mais tardios em comparação com o resto da sociedade e para acordar também; e pessoas com características matutinas – sendo aquelas pessoas que possuem preferência de dormir mais cedo e acordar bem cedinho também.

Já finalizando nosso diálogo sobre o tema, vamos destacar sobre a higiene do sono. Isso é importante!

Estímulos atrapalham bastante nosso sono e o exemplo máximo são os dispositivos eletrônicos, principalmente antes de dormir: devem ser desligados pelo menos duas horas antes de adormecer, porque a luz do dispositivo, mesmo com bloqueio para a luz azul, eles favorecem que a gente se mantenha acordado, que a gente atrase o nosso sono; que a gente tenha também um sono que seja hiper estimulado biologicamente.

Ou seja, a gente não pode ter elementos que disparem nossa fisiologia, nos deixem despertos. Fazer atividades físicas antes de dormir dispara neurotransmissores, e hormônios podem disparar também a probabilidade de inibir melatonina, de despertar fisiologicamente. E esta condição é incompatível com o sono.

Leituras, de alguma forma (extensas, densas) deixam as pessoas hiper estimuladas. Problemas que se levam para a cama e estresse advindo de tentar resolver algum desafio, não deveriam acontecer antes de adormecer. Quando a gente gerencia os estímulos, tanto fisiológicos, cognitivos e emocionais, a administração disso favorece que você tenha uma boa noite de sono.

O ambiente que repousamos é um fator imprescindível para um sono de qualidade. O (ambiente) escuro é um sinalizador formidável para secreção da melatonina, informando ao núcleo supraquiasmático (o relógio biológico) que é hora de preparar para dormir. Então, recomenda-se que o quarto fique ausente de luz, temperatura do lugar agradável, alimentação leve na parte da noite, administrar os desafios presentes, atmosfera segura no lar, integração sustentável na família, entre outros pontos que, com certeza, já foram nascendo nas reflexões realizadas ao longo de nossa viagem aqui.

Bom, creio que aprendemos, pelo menos um pouco, sobre o sono e suas repercussões pessoais, sociais e conviventes. O que acha de buscarmos praticar o que lemos aqui? Estou animado! E você?

Não deixe de se cuidar, sempre valerá a pena!

Te vejo em breve, se Deus quiser!

(Todo o texto, são anotações de um seminário relacionado ao sono e suas repercussões na saúde dos seres humanos).