33- “E quando chegaram ao lugar chamado caveira, ali crucificaram Jesus e com ele os dois criminosos, um à direita e outro à esquerda.”
39- “Um dos criminosos crucificados o insultava, dizendo: Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo.”
40- “Mas o outro o repreendeu, dizendo: tu nem ainda teme a Deus, estando na mesma condenação?”
42- “Então disse: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino.”
43- “Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.”
Escrituras de São Lucas 23
Palavras ditas em tempos delicados e tumultuados. Sentenças obtidas por meio de comportamento repentino (ríspido, moderado, humilde…). Sentimentos oferecidos pela natureza interna daqueles que produzem atitudes.
Mesmo em um momento crucial, houve, em um acontecimento que direcionaria o destino de dois homens, a oportunidade de dar sequência as suas vidas. Um deles viu na ocasião uma oportunidade para escárnio e desprezo, enquanto o outro viu uma chance de remissão e mudança. Um à esquerda. Outro à direita. Ambos no mesmo cenário.
A situação era a mesma para os dois, assim como havia o mesmo altar diante de Abel e Caim, porém, o posicionamento deles era diferente. Expectativas opostas! A oferta, o comportamento, a vida e a essência eram antagônicas.
-“Mesmo em situações consideradas vulneráveis, difíceis e até quase irreversíveis, a escolha feita pode alterar todo o curso da vida”.
Observemos a condição e um dos homens em uma cena delicada e real, a crucificação de Jesus e os ladrões da direita e da esquerda: havia uma certeza no coração de um dos criminosos de que Aquele que estava ali era ‘O filho do Criador’. Em seu coração havia temor no tempo de angústia, existia a cautela em tempo de escuridão. Por isso, para ele houve salvação naquele tempo complexo.
Levando uma vida dissoluta, havia suficientes hábitos em desequilíbrios, mas que foram rechaçados em seu momento de renúncia e rendição. Momento no qual recebeu redenção e perdão por parte do terceiro homem que estava ali no Gólgota, Jesus. Aquele não era um tempo para chacota, afronta, ou desrespeito. Era momento de visão, de revelação, de aceitação, de perdão, de caminhar em direção ao paraíso.
Para o terceiro homem que estava ali, o Homem-Jesus, aquele era um momento de conclusão, de entrega, de cumprimento. Aquele era um momento de consumação. E mesmo assim Ele não deixou de ouvir a ambos os homens-ladrões, embora tenha escolhido responder apenas um. Mas, sem deixar de ver os soldados e fariseus, rogou por todos abaixo de Seus pés, os justificando ao dizer: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo” (Lucas 23:34). Olhou a todos, mas fixou sua visão em um que foi considerado até ali uma escória da sociedade; e naquele mesmo dia o levou à Outra Dimensão por ter simplesmente rogado a Ele que pudesse entrar naquele Reino. Não importando, ali, a sua condição. Mas, a sua confissão!
Havia abertura no coração de um, esmagado pelo peso da desobediência, das ações impensadas e das atitudes irrefletidas, e que ali se encontrava em arrependimento; este era Dimas1, o homem da direita. E também, ali, do outro lado, constava discórdia, aflição de espírito e afronta; este era o homem da esquerda, um irrequieto e incontido que não mais validava sua vida, distorcia sua realidade e não vislumbrava a salvação.
Diante das tantas provocações aos seus pés, da comoção divertida de boa parte da multidão que estava ao Seu redor clamando por mágicas visíveis; o que se ouvia sair com dificuldade de seus afáveis e machucados lábios era a oração pelo perdão das arrogâncias. E ambos os homens ao Seu lado ouviram com qualidade os rogos do Senhor.
E quem foi tocado? Quem foi afetado?
Ali cada um foi julgado pela sociedade, execrado pela população. Ali a lei operou de forma elementar. Foi logrado êxito. Um dos homens já havia se entregado ao caminho mais largo. O outro se alimentava de uma esperança em ascendência para o patamar da fé. Um se exaltou pelo incentivo da zombaria alheia, o outro se humilhou diante do Soberano que estava coberto de marcas, muito delas produzidas pelos seus atos. E viu, ali, naquele particular momento da história, um caminho mais estreito e ensanguentado, porém seguro.
Até no momento mais difícil do Cordeiro foi-lhe necessário expor as escolhas de caminhos, em tempos de decisão e tumulto. Dois homens, duas escolhas! Uma voz que descendia do alto e oferecia condição entre o temporário lago de fogo e o Eterno Paraíso Celeste.
-“Um cenário, uma história, três homens, dois infratores, um Cordeiro, duas situações, uma chance”.
Um Cordeiro imolado e duas sentenças proferidas de acordo com os requisitos apresentados pelos criminosos. Ali o Messias formatou o plano de fundo e destacou a reação, o comportamento e a escolha não somente de dois homens em uma ocasião histórica, mas também apontou o que o Amor de Deus aos seus filhos pode operar.
-“Mesmo em um ambiente sórdido, cruel e inóspito, (como uma cadeia de caveiras-Gólgota), mesmo em um lugar sem vida e obscuro haverá suficientes chances de se pronunciar, de escolher que lado você quer defender; de que maneira deseja seguir a carreira da fé; e em qual lado você busca se manifestar, não só em momentos difíceis, mas o tempo todo enquanto estiver na terra”.
“Que não necessitemos aguardar momentos difíceis para decidir. Que não escolhamos qualidades para apresentar. Que não tropecemos voluntariamente para poder enxergar. Que não sejamos influenciáveis pelas condições da vida. E que sempre tenhamos a verdadeira revelação diante dos nossos próprios olhos!”
‘Lembra-te de mim, ó Senhor, segundo a tua vontade para com o teu povo; visita-me com a tua salvação, para que eu veja a prosperidade de teus escolhidos, e me alegre com a alegria do teu povo, e me regozije com a tua herança’ (Salmos 106, 4 e 5).
Notas
1 Nome contido no Evangelho Apócrifo de Nicodemos, Século III.
Referência bibliográfica
Dimas e Gestas. ABíblia.org. Disponível em <https://www.abiblia.org/ver.php?id=7724>. Acesso em 20 de fevereiro de 2020, às 17:17.
2 comments
Rosemary seraphim
24/09/2020 at 09:23
Maravilhoso! !muito profundo. Muitas lições podemos extrair.
Ylberty souza Oliveira
26/09/2020 at 20:11
Melhor coisaque esta palavras não a que sempre possamos reconhece não so nos momentos crusias das nossas vidas mais também ne momentos bons das nossas vidas.